Se levados em conta árbitros, reservas e comissão técnica, em pelo menos outras cinco partidas a torcida era inferior ao número de profissionais envolvidos nos duelos. E não há nenhum indicativo de que a situação vá melhorar a curto prazo.
Sobram justificativas para todos os lados, desde o pouco interesse do público, passando pelo parco espaço dedicado pela imprensa em geral para divulgar a competição. Mas o problema vai além.
“O país todo está em crise.
O país quebrado, o Estado quebrado, com salário parcelado.
Tu sai para ir ao jogo e pode ser assaltado.
Chega ao estádio e não pode tomar uma cervejinha.
Por outro lado, se fica em casa, há uma série de jogos passando na televisão”, observa o presidente da FGF, Francisco Novelletto.
Ao contrário do Campeonato Gaúcho, em que a Federação recebe uma verba pelos direitos de transmissão, a Copa Paulo Sant’Ana é deficitária por todos os lados.
Sem televisionamento e sem patrocinadores, a entidade não recebe um centavo.
De quebra, ainda arca com os custos de arbitragem de todas as partidas, um valor que gira em torno de R$ 1,6 mil por jogo.
De acordo com Novelletto, o prejuízo com o que se deixa de arrecadar beira R$ 1 milhão.
Se para a FGF a conta já não fecha, imagine a situação dos clubes.
Com públicos que dificilmente passam de 100 torcedores, todo jogo é um prejuízo.
Isso porque afora o que consta no borderô, existem ainda outros custos, como o pagamento de funcionários e até mesmo luz no caso de jogos noturnos.
Gerente executivo do Aimoré, Lucas Konrath calcula que cada vez que o clube abre o estádio Cristo Rei, o custo é de R$ 2 mil. Com uma folha salarial em torno de R$ 35 mil, não é difícil perceber porque a situação financeira da maioria dos clubes gaúchos está no vermelho. No caso do Aimoré, a direção recorre a alternativas fora de campo. Uma delas é o aluguel que recebe de uma empresa de telefonia por ceder o espaço a uma antena de telefone.
A lista de interessados em participar da competição tinha, inicialmente, 30 clubes, revela Novelletto. Com a proximidade do início, 18 desistiram, entre eles o Sapucaiense.
“O futebol do interior do Estado, com raras exceções, está falido”, comenta o presidente do clube, Chico Christianetti.
De acordo com o dirigente, não há interesse por parte dos patrocinadores, que sabem ser difícil obter retorno com tão pouca divulgação e tão pouco público.
O que, por consequência, torna inviável a participação dos clubes.
“Não posso disputar uma competição só para contentar os cento e poucos torcedores que vão ao estádio”, lamenta.
Sem um cenário otimista a curto prazo, para alguns clubes do Interior a saída tem sido a parceria com empresários, que arcam com os custos, mesmo sabendo do prejuízo.
Isso porque o retorno se dá com a negociação de jogadores, que ganham mais visibilidade.
É o caso, por exemplo, do Nova Prata, que conta com 11 colombianos no elenco.
“Já temos quatro negociações bem encaminhadas”, revela o gerente de futebol do clube, Eduardo Cappelari.
Texto de: Carlos Corrêa
Publicado por: Hilton Mombach/Correio do Povo
Foto: Bola murcha/ilustrativa
Fonte: Rádio ATIVA FM - Nova Prata